Victor Jerónimo – HUMILDADE DE POETA

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

TEMPO

TEMPO
Victor Jerónimo
 
Quem sabe …
Eu acabe por ceder ao tempo
O tempo que o tempo tem,
Numa luta constante
Pelos tempos do Além.
 
Tempo…
Que me escorres entre os dedos
Num tempo que a gente não tem
Talvez possa pedir ao tempo
Que me conceda o bem
 
Venha…
Não me deixe assim
Sofrer por tempo perdido
Faz-me ganhar o tempo
Com teu amor infinito.
 
Amiga…
Não lutes sem fim
Deixa o tempo correr
Verás que todo o tempo
É tempo que vem por bem!
 
Brasil.05.Março.2004
 
1ª Antologia Poetica, (2004) edição histórica da AVBL, ISBN 85-98219-02-9
http://www.avbl.com.br

 
Publicado em Edição Histórica - 1ª Antologia Poética AVBL - 2004 | 1 Comentário

AGRADEÇO À VIDA

AGRADEÇO À VIDA
Victor Jerónimo
Agradeço à vida
Ter-me dado tanto.
Agradeço a Deus
Conhecer o teu encanto.
Agradeço à vida
Todos os sons e o ouvir
Pois com as palavras te declaro
Quanto te quero sentir.
Agradeço à vida
Todas as luzes e o ver.
Pois é com este olhar
Que vejo teus lindos olhos… negros
Agradeço à vida
O poder distinguir
Entre toda a multidão
A mulher que eu amo
 
Céu, Lua, Estrelas
Tudo tem o seu encanto
Mas é o meu coração
Que pulsa, luta, ama…
E me permite…
Agradecer à vida!…
 
Portugal.10.Jun.2003
1ª Antologia Poetica, (2004) edição histórica da AVBL, ISBN 85-98219-02-9
ht
tp://www.avbl.com.br
Publicado em Edição Histórica - 1ª Antologia Poética AVBL - 2004 | 1 Comentário

ESQUERDA DAQUELA ARVORE

ESQUERDA DAQUELA ÁRVORE

Victor Jerónimo
 
 
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
no Jardim Botânico, que é um parque muito calmo
onde se pode sentir sempre próximo uma árvore,
mas tem sempre que cumprir-se uma cláusula…
…que a cidade fique tranquilamente, longe.
 
O segredo é apoiar-se digamos, num tronco
e ouvir através do ar, que admite ruídos mortos
como se Reis e cavaleiros galopassem entre as trevas.
 
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas no  Jardim Botânico, sempre existiu
uma agradável propensão para os sonhos,
porque os insectos sobem pelas pernas,
porque a melancolia desce pelos braços,
até que uma palmada nossa os afaste.
 
Depois disto tudo o segredo é olhar para cima
e ver como as nuvens lutam entre as copas
e ver como os ninhos lutam pelos pássaros.
 
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas há casais que buscam o Botânico
eles descem de um táxi, ou saem das nuvens
falam normalmente de temas importantes
e olham-se fanaticamente nos olhos
como se o amor fosse um pequeno túnel
para se contemplarem dentro desse amor.
 
Olhem, por exemplo, para a esquerda daquela arvore
falam e, as suas palavras, param
comovidas a olharem-se e, a mim…
nem sequer seus ecos chegam.
 
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
porém, é lindo imaginar o que dizem
sobretudo se ele morde um ramo,
ou se ela deixa um sapato entre as pedras,
sobretudo se ele tem uns olhos tristes
ou se ela quer sorrir, porém não pode.
 
Para mim o rapaz está a dizer
o que se diz muitas vezes no Jardim Botânico
 
Olha, chegou o Outono
O sol de Outono
E sinto-me feliz
Que linda que tu estás
Sinto-me feliz
Quero-te
No meu sonho
Da noite
Onde escuto as conchas,
O vento no  mar
E sabes?
Aqui também há  silencio
Olha para mim
Quero-te,
Eu trabalho muito
Faço números
Fichas,
Discuto com cretinos,
Distraio-me e zango-me
Dá-me a tua mão
Agora
Sabes?
Quero-te muito
Penso ás vezes em Deus
Não tantas vezes,
como gostaria
não gosto de roubar
o seu tempo
mais a mais está longe
agora tu,
estás ao meu lado
e, agora mesmo estou triste
estou triste e quero-te
já passaram muitas horas
na rua está um rio
as arvores ajudam
os céus
e que sorte a minha
quero-te
há muito era menino
há muito o que importa
o azar era muito
como entrar em teus olhos
deixa-me entrar
quero-te
deixa-me entrar
quero-te
menos mal, mas quero-te
 
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas pode acontecer de repente e sem aviso,
Porque na realidade trata-se de algo desolador
desses amores de fortuna e azar
que Deus não admite nos seus céus
 
Reparem que ele acusa-a com ternura
e ela esta contra a cortesia,
Reparem que ele vai falando de recordações
e ela fica consternada misteriosamente.
 
Para mim ela está a dizer
o que se diz muitas vezes no Jardim Botânico,
 
Repara no que falaste
Nosso amor
Foi sempre uma criança morta
Mas há pouco, parecia
Que ía viver
E que, venceríamos
Porém  nós dois fomos tão fortes
Que o deixamos sem seu sangue
Sem o seu futuro
Sem o seu céu
Uma criança morta
Só isso
Maravilhoso e condenado
Nunca terá um sorriso
Como a tua
Doce onda
Nunca terá uma alma triste
Como a minha alma
Pouca coisa
Nunca aprenderá com o tempo
A usar o mundo
Porém as crianças que assim vivem
Mortos sem amor e
Mortos de medo
Têm um coração tão grande
Que se destroem sem o saber
Tu disseste-o
Nosso amor
Foi desde sempre uma criança morta
E que verdade dura e, sem sombra
Que verdade fácil e, que pena
Eu imaginava que era uma criança
E afinal era, uma criança morta
Agora pára
Pára
Mede a tua fé e recorda
O que podíamos ter sido
Para ele
E que não pôde ser nosso
E mais
Quando chegar Abril
Vê onde estas
Que eu levarei flores
E tu comigo
 
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
porém o Jardim  Botânico é um parque sonolento
que só desperta com a chuva.
 
Agora a ultima nuvem parou
e molha-nos como se fossemos alegres mendigos.
 
O segredo está em correr com precaução
para não matar nenhum escaravelho
e não pisar os fungos que aproveitam a chuva
que nascem desesperadamente.
 
Sem prevenir dou a volta e sigo,
Áqueles que à esquerda da árvore
eternos e escondidos da chuva,
Falando quem sabe, que silêncios.
 
Não sei se alguma vez isto se passou com vocês
mas quando a chuva cai sobre o Botânico
aqui só param os fantasmas…
 
Vocês…
podem ir-se.
Eu… fico aqui!…
 
Escrito em Outubro de 1988 no Jardim Botânico de Lisboa
 
Terra Latina, Antologia Poetica Internacional (2005) ISBN 85-905170-3-9
 
Publicado em TERRA LATINA | Deixe um comentário

TEUS OLHOS

TEUS OLHOS
Victor Jerónimo
 
A luz dos teus olhos me embala e afaga
tal como um flutuar entre nuvens de linho,
São pérolas brilhando na imensidão celeste
Como que faróis indicando-me o caminho.
 
Teus olhos têm a grande força espiritual
que afaga os corações que andam perdidos,
Têm uma linda e bela expressão universal
a expressão dos que foram bem concebidos.
 
É nestes teus olhos que eu me vejo e deleito,
Como que um reflexo dos meus pensamentos
eles transmitem-me a grande força do viver.
 
São duas chamas vivas e incandescentes,
São a luz que me trazem de volta à vida,
São o deleite e prazer das minhas orgias.
 
12.01.2005 
 
 
 
Publicado em TERRA LATINA | Deixe um comentário

In foro conscientiae(*)

In foro conscientiae(*)
Victor Jerónimo
 
Grandes homens houve de valor
no meu belo e pequeno Portugal,
leais, conselheiros e sem temor,
lutaram sem medo da morte fatal.
 
Os belos Principes, Condes e Barões
fizeram bravas Historias de Reinos.
A fidalguia e os nobres senhores,
lendas formosas criaram em sonhos.
 
E o povo meus senhores… e o povo!
A plebe que serviu aos que reinaram
trabalhando a terra o ferro e o aço?
 
Deram a forma às caravelas, as tripularam,
dando a conhecer Novos Mundos ao mundo,
em nome das Pátrias que os esqueceram!
 
*No Tribunal da Consciência 
 
 
 

Terra Latina, Antologia Poetica Internacional (2005) ISBN 85-905170-3-9

Publicado em TERRA LATINA | Deixe um comentário

DESERTO À BEIRA-MAR PLANTADO

DESERTO À BEIRA-MAR PLANTADO
Victor Jerónimo
 
Foste jardim à beira-mar plantado
que das ocidentais praias lusitanas,
Levaste à plebe a arte e o abraço
em terras desconhecidas e estranhas.
 
Foste fulgor e grande, oh poderosa nação,
Invejada pelos grandes reis e senhores,
Porém hoje perdeste o fulgor e a função
és Pátria pobre e saqueada nos horrores.                   
 
Hoje do teu corpo cansado escorre a seiva,
Tua alma arde nos infernos das potestades
perdeste a magia o fulgor e a linda vida.
 
Em pó te estás a transformar oh Pátria minha
minada pelos teus homens loucos e perdidos,
és agora um triste deserto à beira-mar plantado.
 
 

Terra Latina, Antologia Poetica Internacional (2005)ISBN 85-905170-3-9  

Publicado em TERRA LATINA | Deixe um comentário

O QUE É UM VERSO?

O QUE É UM VERSO?
Victor Jerónimo
 
Verso?
O que é um verso?
Pois então…
São palavras…
Reuniões de palavras
ou serão palavras em reunião?
Têm que seguir a ordem
Marcada na agenda
Regras fixas
E adoptadas convencionalmente
Não podem fugir da linha
Senão a composição poética
Termina a reunião.
 
No entanto podem ser…
um anverso ou um oxítono.
Pode ser o Alexandrino
ou até o Datilíco,
que nasceu exdrúxulo ou
proparoxítono.
 
Um verso pode ser
da arte maior
com nove silabas…
fazendo uma pausa na
terceira sílaba
recomeçando depois,
pois então, mas vai pausando
na sexta e depois
na nona sílaba.
 
Mas também pode ser
da arte menor, coitado…
nasce assim com…
poucas sílabas, sabem?!
como uma redondilha.
 
Mas coitado
Há o de pé quebrado
Há o errado
Há o heróico
O heroico quebrado…
não, não é aquele
ferido na guerra,
é aquele com seis sílabas.
 
Depois há o intercalar
sabem aquele que
se repete várias vezes
em canções…
Há também quem lhe chame
estribilho… esse mesmo!
 
Ah…
E o leonino…
Tenham calma
que não é do Sporting…
É antes um verso
em que a sílaba da cesura
rima com a última!
 
Depois há os…
livres ou brancos
também há os
brancos soltos.
Há o sáfico e
o ritmico.
Há os que ficam
encandeados,
enquanto outros preferem
emparelhar.
Há os feitos à candeia
daí ficarem quebrados
e…
há o verso…
de uma página
o lado posterior de
qualquer objecto, e…
até o ânus!…
 
Então?!…
O que é um…
verso?!…
 
Lisboa, 16-06-2003
 
 

Terra Latina, Antologia Poetica Internacional (2005) ISBN 85-905170-3-9  

Publicado em TERRA LATINA | 2 Comentários

DESEJO E PAIXÃO

DESEJO E PAIXÃO
Victor Jerónimo
 
Tremo de desejos
Ao sentir teu corpo
Como brasa incandescente
Que me marca para sempre.
 
Não é só desejo
É o amor de te ter
Toda envolta em mim
Num supremo querer e ter
 
Teus lábios sequiosos
Encontram os meus com volúpia
E nossos línguas se encontram
Num gesto de bravura
 
Teus seios firmes apontam
O ser e querer da minha língua
Numa volúpia sem fim
Que só nas estrelas termina
 
Dentro de ti enfim
O calor dessa brasa
Que rompe de desejos
De volúpias em vulcão.
 
Com minha chama
Faço explodir teu corpo
Num grito fremente
De gozo e paixão.
 
Enfim os corpos descansam
Recuperam do combate
Para mais tarde retornarem
A este nosso amor..
 
12-03-2004 
 

Terra Lusíada, Antologia Poetica Internacional (2005) ISBN 85-905170-3-9

Publicado em TERRA LUSÍADA | Deixe um comentário

AI!… A AMIZADE

AI!… A AMIZADE
Victor Jerónimo
 
Amizade… amigo… sabes o que é?
Sabes meu amigo o que é dar a mão?
E ouvir as suas dores com atenção e fé?
Acaso sabes o que é ver com o coração?
 
Nunca esta palavra foi tão vilipendiada!
Dizer que temos um amigo, é saber da vida,
É não gostarmos de o ver maltratado,
É sabermos dar-nos sem querer o trocado.
 
Mas agora… todos dizem ter amigos
E na primeira esquina cutucam outro
Para contar do amigo o segredo guardado.
 
E assim a amizade vai de vento-em-popa,
Embandeirada em arcos de corações feridos,
Amordaçada, rasgada e quase perdida
                                                        … para sempre!
 
19-08-2004 
 
 

Terra Lusíada, Antologia Poetica Internacional (2005) ISBN 85-905170-3-9

Publicado em TERRA LUSÍADA | Deixe um comentário